
O boom das tecnologias veio com uma pandemia
Sou jornalista. É esta a minha resposta quando perguntam minha profissão. Respondo contrariada, não é bem assim que me sinto… mas aprendi a responder: jornalista de educação. De fato, tudo começou no jornalismo, minha primeira graduação, e, de fato, essencial para minha carreira.
Mas, em meados de 2008, quando comecei mesmo a vida profissional, foi na área de educação, em um jornal impresso. Inicie trabalhando com educomunicação, – quando ninguém sabia o que era – em um programa de leitura crítica de mídia impressa em sala de aula – o saudoso Programa Jornal e Educação (PJE), que deixou marcas na história da mídia-educação no Brasil.
Naquela época pouco se falava em Internet, as escolas mal tinham acesso a e-mails; minhas comunicação com elas era por telefone e por “cartinhas”. Sim! Cartas, comunicados escritos e impressos que chegavam às escolas junto com a remessa de jornais impressos da semana, entregue pelo distribuidor de jornais.
Eu fui uma das primeiras profissionais (ou de fato a primeira, não me recordo) da área a criar perfil, depois página, no Facebook para disseminar as ações do programa; na época, até comunidade no Orkut eu administrava. Aventurei-me e busquei especialização em Tecnologias na Aprendizagem, quando quase não se falava sobre tecnologias e educação; fiz também mestrado na área. Levei nosso programa de mídia e educação para além das fronteiras brasileiras e deixei nossa marca no exterior. Auxiliei alunos a participarem de prêmios internacionais, e conquistamos alguns. Eu vi o potencial da tecnologia na educação quando quase ninguém via.
Entrei na EAD – estudante e atuante – quando só havia criticas a respeito. Aprovei a experiência. Adoro! Eu me encontrei nesse formato de ensino. Atualmente, estou na minha segunda graduação, em Pedagoga, a distância.
Hoje, com dois filhos pequenos estou um pouco afastada das mídias, pois meu tempo é exigido pelas crianças; sou gerente de tecnologia educacional em um colégio privado, e diariamente sou chamada de TI. O que mostra que as pessoas ainda não conseguem diferenciar técnica e pedagógico. Mas tudo bem, as áreas de TE e TI necessitam andar juntas.
O confinamento social que estamos vivendo mostra como todo esse universo existe e é forte. Estou presenciando chover soluções para amparar pais, professores, alunos e escolas a enfrentarem esse período em que ninguém pode sair de casa. Isso prova que tecnologias na educação são necessárias, que a EAD não é bobagem e que saber fazer a leitura correta da mídia é imprescindível.
CONSELHOS
Escolas: avaliem tudo o que está chegando a vocês. Conhecer e usar tecnologia exige preparo e cautela. Não coloquem tudo dentro do barco e lancem aos pais.
Famílias e escolas: adaptar é o verbo da moda, e precisa continuar em foco. Nada (nada mesmo, nem andar) aprende-se da noite para o dia, mas a gente aprende. É normal assustar-se com o novo e sentir-se incapaz, mas com um pouco de persistência tudo já se encaixa e a tecnologia (nova) fica “na ponta dos dedos”, tão natural quanto andar de bicicleta.
As soluções adiantaram-se em disponibilizar gratuitamente suas ferramentas. Como forma de ajudar, é claro, mas além disso, de mostrar que existem, que são importantes e que querem ficar após a pandemia. Enfim, uma brecha para mostrar seu produto. Contudo, o aumento no tráfego acabou deixando a Internet lenta em todo o país. Apelo: famílias e escolas, não desanimem frente a isso achando que a tecnologia sempre falha, acreditem que ela funciona, e funcionará muito bem quando essa turbulência passar, e olhem com mais cuidado para seus filhos e alunos que respiram tecnologia (queiram vocês ou não).
E eu com isso?
Sou chata, sou crítica, sou avaliadora. Eu questiono, eu cobro resultados, eu quero ver se funciona mesmo e se funciona para meu público. Acreditem: sou do bem e sou parceria, mas não entrego tecnologia errada e para quem não precisa.
Sou jornalista, sou especialista e mestre em tecnologias educacionais, sou um pouco de TI, sou professora, sou mãe, sou esposa e sou pessoa.
Viajei por muitas cidades do Brasil, fui coordenadora, professora, conteudista, tutora EAD, palestrante, fui influencer. Hoje, ainda sou tudo isso, mas, sobretudo, sou mãe, e sei que preciso me afastar um pouco das multitarefas para cumprir bem esse papel. Conhecer tecnologia é fundamental para os tempos atuais, mas avaliar o que e quando usar é ainda mais importante.
Estou aqui. Contem comigo.