Cinema na educação: trabalho com curtas-metragens

No Vamos Ler eu realizo uma atividade de cinema a qual intitulei ‘Vamos Ler com Cinearte’. Nessa atividade exibimos curtas-metragens nacionais, com temas importantes e interessantes para os jovens. Depois de ver o filme, batemos um papo com os estudantes sobre a mensagem que foi transmitida. Um dos filmes trabalhados ano passado e que resolvi trazer novamente este ano, é ‘A Peste da Janice’. Abaixo, uma breve análise sobre esse drama que aborda um assunto muito importante e bastante discutido: o bullying.
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O curta foi produzido no Rio Grande do Sul, e isso fica evidente pelo sotaque das atrizes e uso de vocabulário específico. A história se passa em uma escola de meninas, aparentemente de classe média alta. O enredo é em torno de uma única garota, Janice. A menina é filha da zeladora da escola, que conseguiu uma bolsa para que ela pudesse estudar lá. Porém, Janice é ignorada pelas demais meninas do colégio, por ser filha da “empregada” da instituição, emprego considerado inferior pelas classes mais altas.
Acontece uma situação na sala de aula em que uma colega tenta provocar Janice atirando bolinhas de papel. Janice é calada, possui um ar de tristeza e está sempre só. Ela então tenta se aproximar da menina que estava atirando as bolinhas para conversar, é quando se inicia uma maldosa e constante ‘brincadeira’. Quem assiste ao filme, acredita se tratar de uma típica atitude de bullying e preconceito em relação à classe social, pois tudo isso só acontece porque Janice é filha da zeladora.
O gênero é drama e isso fica evidente pelas atitudes das meninas diante de uma garota frágil, com outra realidade social. A trilha sonora leve e marcante também dá um ar dramático para a história. Os diálogos curtos e ofensivos, ou a falta de palavras da Janice, que permanece calada diante da situação. Todo o esse drama é bem definido até mesmo pela caracterização dos personagens: Janice é pequenininha, magrinha, possui um rostinho pálido, olhar triste; a garota que inicia a brincadeira maldosa é maior, com mais presença. A escolha do local: uma escola tipo internato, com carteiras e cadeiras de madeira escura, bem organizada; o quadro de giz; o uniforme formal – saias até o joelho, com pregas, meias brancas, longas, sapatinhos pretos. A parte externa da escola é cheia de escadas e possui um pátio com folhas que a mãe de Janice está sempre varrendo. A parte interna, um local sem vida, sem trabalhos de crianças espalhados pelos corredores. Todos esses detalhes dão o toque de drama necessário para prender a atenção e sentir o que Janice sente diante da atitude daquelas que deveriam ser suas “amigas de escola”.
Podemos lembrar aqui do conceito de educomunicação. Ismar Soares explica que as relações de comunicação devem ser sempre francas e abertas. A educomunicação busca rever os conceitos tradicionais de comunicação, como se existisse apenas para persuadir ou fazer a boa imagem dos que detêm poder e fama. Aqui, a comunicação é feita para socializar e criar consensos. O objetivo principal é o crescimento da autoestima e da capacidade de expressão das pessoas, como indivíduos e como grupo.
O filme mostrar claramente o poder de hierarquias, a falta de comunicação na escola e visão da equipe pedagógica, e da professora da turma da Janice, que nem se deu conta do que estava acontecendo durante suas aulas. Não havia socialização e nem democratização de ensino e aprendizagem. Por isso, esse curta-metragem é interessante tanto para alunos assistirem quanto professores, para perceberem que a falta de diálogo, de comunicação, dentro de qualquer instituição social, pode acarretar problemas como a propagação do bullying, de forma rápida e incontrolável.
Assista e faça sua avaliação. Está aqui uma boa sugestão para se trabalhar com a mídia audiovisual em sala de aula.
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