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Compartilho com vocês um artigo de Ben-Hur Demeneck, sobre a situação da cultura na cidade de Ponta Grossa/PR.
Ponta Grossa cresceu no campo da cultura nesta década. Basta passar em lista portais, blogs, publicações acadêmicas, mídias formais (fala-se mais), artistas, coletivos, eventos, bens culturais (faz-se mais), conferências, fóruns, grupos de trabalho (formaliza-se mais a cultura).
A cidade se acostuma até com eventos ativadores da sensibilidade feitos ao largo de editais e de mecenas, a exemplo da exposição de Street Art realizada dentro de uma quitinete. Os lançamentos de livros ganham constância, inclusive circula um vocabulário dos Campos Gerais. O gosto pelo cinema se expressa em sessões abarrotadas para assistir a filmes legendados e em preto e branco.
Neste 2011, o Conselho de Cultura criou uma cadeira de Cultura Popular, sinal a destacar o município na região Sul. A novidade abre precedente para sistematizar tombamentos de patrimônio imaterial, a começar pelas “criações anônimas surgidas da alma popular” conforme destaca a Declaração do México sobre as Políticas Culturais.
Mas para esta exposição permanecer em constatações, diga-se que os poréns continuam maiúsculos. Uma de suas manifestações mais agudas foi o fechamento da Estação Arte. E um adversário crônico é a aridez de recursos, em que o ambiente da cultura fica mais para Cerrado do que para Guaraqueçaba. A agitação cultural, ainda que inspiradora, antes está para um verde que vence a poeira do que para o verde que acolhe bromélias.
O futuro do setor cultural na cidade é: (a) profissionalizar-se – dar basta a quem o desqualifica como fonte de trabalho e de renda; (b) internacionalizar-se – para mostrar seus sotaques ao mundo; (c) arriscar-se – cultura bem prezada pede distância da comodidade. E se os anos 2010 quiserem fazer mais que o presente: os vereadores efetivam uma Agenda 21 da Cultura, as empresas se desapegam do investimento em cultura com vistas apenas a um “recall de marca”, os artistas recusam a pecha de “locais”, os jornalistas apostam na interpretação das ações culturais.
A Cultura calha à desocupação apenas para os tipos que salivam com veneno. Cultura é uma terra bem semeada – custa preparar, envolve riscos, porém, sem ela não passamos de corpos vazios. Por último: parabéns, Ponta Grossa, por se fazer mais ponto de encontro do que de passagem.
* Ben-Hur Demeneck é jornalista (prêmio Adelmo Genro Filho 2010) e crítico cultural (delegado paranaense na II Conferência Nacional de Cultura).

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