#Educaparty #cpbr5 – Ética e responsabilidade no mundo virtual
Discutir ética na web não é uma tarefa fácil, mas durante o Educaparty 2012 a mesa redonda “Ética Digital: Uso responsável da web” conseguiu prender a atenção dos participantes em uma discussão que passou por alunos, educadores e sociedade em sua postura responsável dentro do mundo virtual.
A professora orientadora de informática educativa (POIE) e autora de trabalhos sobre ciberbullying, Vânia Sandeville, compartilhou experiências. Explicou que seus alunos observam como vivem a realidade, pesquisam sobre as relações sociais, e depois reproduzem em blogs ou em forma de enquetes. “Nós ensinamos os pais a não proibir, mas sempre vigiar e orientar o uso da internet”, destaca Vânia.
Complementando essa necessidade de haver orientação por parte dos responsáveis, Carolina Pinheiro, também POIE e dinamizadora do projeto Aula Fundação Telefônica em Santos/SP, observa que as crianças utilizam a internet sem parâmetros para saber o que é seguro e o que não é, principalmente quando são provenientes de classes sociais mais baixas. Na escola em que Carolina leciona a alternativa encontrada para discutir o tema de forma a fazer os alunos entenderem os cuidados necessários ao navegar na internet foi revelar situações de jovens que sofreram algum tipo de violação na rede e trabalhar com vídeos sobre cyberbullying. “Também ressaltamos a importância de manter as senhas utilizadas na web em sigilo. Eles conseguiram entender”, afirma Carolina, que considera o diálogo a melhor forma de proteger os jovens e conduzi-los em uma navegação segura.
A discussão foi complementada por Rafael Parente, subsecretário de novas tecnologias educacionais na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e um dos idealizadores do projeto Educopédia: “no mundo virtual nos sentimos mais protegidos porque não estamos cara a cara com a pessoa. Então, ficamos mais seguros para falar o que queremos”. E este `falso` conforto proporcionado pela web atinge não apenas os jovens que navegam sem auxílio, mas também educadores, como bem lembrou a representante da Imprensa Jovem, Laís Souza Costa. A estudante trouxe para a roda a falta de ética de alguns educadores quando utilizam redes sociais: “o aluno começa a aprender sobre ética em sala de aula, e o professor deve passar isso para o aluno, dentro e fora da sala de aula”, disse Laís para fazer os presentes entenderem que não apenas jovens gostam de expor sua vida e compartilhar dados pessoais indevidamente, mas muitos professores também se perdem no quesito responsabilidade virtual. Parente complementou Laís lembrando que “é preciso educar pelo exemplo”. Neste momento, o subsecretário trouxe à tona que a tecnologia impacta a vida de todos na sociedade, e enfatizou sua opinião de que tecnologia deve ser usada na escola, contemplando também este espaço social.
Laís defende o uso de tecnologias na educação e acredita que elas podem facilitar a vida de todos. Para isso, a ideal postura de um educador seria entrar no mundo virtual, conhecer seu funcionamento, entender sua lógica, para conseguir orientar os alunos quando estão navegando, ao invés de proibir que esses estudantes frequentem a internet. O coordenador do Programa Nas Ondas do Rádio, Carlos Lima, que estava na plateia e subiu ao palco para discutir com os convidados, ressaltou: “A escola não é um lugar para proibir algo, é um lugar para educar”.
Rodrigo Nejm, da Safernet*, também incrementou a conversa. Ele expôs que o movimento está preocupado em promover os direitos humanos, porque afinal todos têm liberdade e direitos, mas quando se trata internet, essa ação precisa ser mediada. “Muitas pessoas, e até mesmo professores, têm a ideia de que na internet estamos sozinhos. E a forma como a gente se comporta na rede gera consequências reais. Que tal mudarmos nossa postura agora para não nos arrependermos depois? Quando colocamos algo na rede não sabemos onde vai parar”, revelou Nejm e acrescentou: “ética deve ser exercida em qualquer espaço em que estamos”.
O problema maior, para Nejm, é que as pessoas ainda veem a internet como uma rede de computadores, e os problemas nela como algo técnico, porém a proporção de uma ação virtual indevida é muito maior, mais grave e atinge mais pessoas. Por isso a necessidade de o educador acompanhar como os alunos utilizam a internet, auxiliá-los quando necessário. Como bem diz Nejm, “para ensinar os alunos a usarem a internet adequadamente o professor não precisa dominar todas as técnicas, ele não precisa conhecer todas as tecnologias disponíveis no mercado para ensinar ética aos jovens”. Afinal, é ética é ética.
Um ponto muito bem colocado pelos debatedores foi que antigamente o computador era fixo em algum cômodo da casa, facilitando a fiscalização dos pais, hoje ele está nas mochilas, bolsas e bolsos. “Por isso devemos ensinar ética e cidadania aos nossos jovens, dessa forma não precisamos nos preocupar onde o computador está”, esclarece Nejm. “Tudo gira em torno de valores”, finaliza.
Saiba mais sobre como os jovens utilizam a rede: Pesquisa TIC Criança e Projeto Gerações Interativas.
*Dia da Internet Segura é uma iniciativa anual que mobiliza mais de 70 países para promover o uso seguro e responsável da Internet. Em 2012, o Dia foi 07 de Fevereiro com o tema: “Conectando gerações e ensinando uns aos outros: descobrindo o mundo digital juntos… com segurança”.