Uma análise da sociedade na era digital

Compartilho aqui o texto ‘Educação, inovação e consumerização’, do professor e consultor de tecnologia da informação,  Luciano Döll, que aborda o impacto das novas tecnologias nos ambientes educativos, e como isso está alterando a relação aluno-professor.

O impacto das tecnologias da informação na educação é, sem dúvida, um assunto atual, intrigante e complexo. Hoje, praticamente todos os estudantes do ensino superior assistem às aulas munidos de um notebook, tablet ou smartphone. Afinal, até quando teremos o famoso laboratório de informática? Uma sala de aula normal, daquelas que até então exigia ‘cuspe’ e giz, se transforma em laboratório quando os alunos utilizam os seus próprios equipamentos conectados à rede.

Muitos gestores ainda têm o costume de impedir o acesso a determinados sites, redes sociais ou programas de mensagem instantânea. O medo constante é o uso indevido da internet. Mas, até quando isso será possível? Com conexão 3G, todos são livres. Um dia desses, um professor me relatou que um de seus alunos jogava poker durante a aula. Questionado pelo docente, o menino pediu para que permitisse a conclusão da última jogada, argumentando que várias mensalidades da faculdade já tinham sido pagas com o dinheiro da ‘jogatina virtual’.

Não adianta configurar rede, proxy, firewall e outras parafernálias telemáticas. A impressão que dá é que a geração digital sempre acha um meio de burlar o protocolo. Precisamos sim é de professores entusiasmados, motivadores, hábeis com a tecnologia, e que quando perturbados por um aluno com comportamento indevido, que teima em visitar um site impróprio, saibam se impor, mostrar o cartão vermelho e mandá-lo  para o chuveiro mais cedo.

Segundo especialistas, 2011 é o ano da popularização do tablet no Brasil. Eu ainda duvido disso. Entretanto, vejo muitos cursos de graduação e pós-graduação sugerindo o seu uso de tablets e afins como ferramenta pedagógica, tal como uma escola no Ceará que acabou de implantar recentemente um laboratório de iPads. O fato é que as editoras não param de lançar versões eletrônicas de suas obras e, além disso, Android Market e AppStore transbordam aplicativos, tendo muitos deles fins educacionais.

Depois do laboratório de informática, será também o fim da biblioteca? Não tenho dúvida que o tablet será recurso imprescindível nas escolas e faculdades. Elas terão que se adaptar para bem receber seus alunos tecnologicamente equipados. É a chamada consumerização, que ocorre também nas instituições de ensino.

Eu sei que se você é professor, não é fácil concorrer com Facebook, poker e MSN. E é por esta razão que você terá que aprender a tocar música clássica em ritmo de rock. Temos que fazer a educação se aproximar não só da tecnologia como da realidade social. A inovação tecnológica cria, mas é a inovação social que transforma.

SAIBA MAIS: Consumerização é o fenômeno onde a incorporação de novas tecnologias ao ambiente de trabalho está sendo puxada pelos usuários, criando uma pressão sobre os gestores de Tecnologia da Informação. Em outras palavras, é a utilização de softwares disponíveis na web para as aplicações empresariais como substituição à encomenda de soluções ao departamento de tecnologia. No artigo, Luciano Doll mostra que a consumerização está entrando também nas áreas de ensino.

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