Professoras apostam no uso do celular na escola
Em Campinas, educadoras utilizam o celular como ferramenta tecnológica complementar às atividades curriculares, e estão otimistas com os resultados.
Talita Moretto
As educadoras Ângela Junker e Elizena Cortez fazem parte do Programa Jornal e Educação ‘Projeto Correio Escola’, do jornal Correio Popular (Campinas/SP), e defendem o uso do celular em sala de aula como forma de ampliar o universo cultural e permitir um novo olhar para esse suporte de comunicação, proporcionando mudanças atitudinais nos alunos. “A ideia surgiu quando vimos que a maioria dos alunos já tinha o celular como parte integrante do seu material escolar. Pensamos então em utilizá-lo dentro do contexto da aula, aproveitando o interesse deles por essa nova tecnologia”, conta Ângela.
Ainda, porém, o celular é visto como um vilão na escola. Pode distrair o aluno e ser usado apenas para o lazer. Mas as educadoras não concordam que proibir seja a melhor solução. “A escola deve, entre outras coisas, ajudar na formação ética e moral de seus alunos, e isso não se faz com imposição, omissão ou simples proibição, mas discutindo os limites e regras para o uso do celular de forma adequada”, destacam. Para que a prática renda bons resultados, é importante que, antes de iniciar o trabalho, o professor explique aos estudantes o momento em que o celular será usado como ferramenta tecnológica complementar às atividades da aula, e quando ele deve estar desligado para não atrapalhar o bom andamento da classe.
De acordo com especialistas em tecnologia e educação, o celular está sendo apontado como ferramenta pedagógica do futuro. Dentro de dois ou três anos ele passará a ser usado na maioria das salas de aula. Mais que uma ferramenta de comunicação, ele se torna uma plataforma móvel de internet. Portanto, Ângela destaca a necessidade dos professores perderem a ‘insegurança’ pelo fato de entenderem menos de tecnologia que os próprios alunos. Para as professoras, “é hora de se reciclar, buscando ajuda até do próprio aluno, como parceiro nesse trabalho, o que elevará a sua autoestima, principalmente o aluno da rede pública”.
As professoras acreditam que se deve aproveitar essa ‘bagagem tecnológica’ que o aluno traz para escola. “Nós, professores, não podemos mais ignorar esses suportes como ferramentas pedagógicas se quisermos dar uma aula que esteja inserida no cotidiano desse aluno, e atrair seu interesse para o conteúdo pedagógico a ser desenvolvido”, destacam.
Ângela e Elizena ministraram a oficina ‘Leitura de diferentes mídias e uso do celular na sala de aula’, durante o 5º Seminário Nacional o Professor e a Leitura de Jornal, que aconteceu em julho em Campinas.
Práticas pedagógicas com o celular
Foi elaborado um projeto interdisciplinar para trabalhar com a nova ferramenta. Ângela conta que nas aulas de Língua Portuguesa ela utilizou os torpedos para explicar a história da escrita, como o homem se comunicava na Pré-História com gestos, sinais, marcas e desenhos, até chegar à comunicação dos dias atuais, onde o celular está presente em quase todas as situações comunicativas. “A linguagem do celular tem que ser rápida, por isso admite o uso de abreviaturas, ausência de pontuação, gírias, é a Linguagem Coloquial.Essa linguagem se contrapõe a Linguagem padrão, formal, escolarizada, que é adequada para determinadas situações sociais, que não é o caso da linguagem usada com o celular”. Nas aulas de Geografia, os alunos usaram o celular para relacionar os conteúdos de localização espacial e geográfica através do fuso horário.
“Além dessas atividades procuramos também dar ênfase ao uso comunicacional do celular em nosso cotidiano e como ele veio facilitar as comunicações. Propusemos uma reflexão mais consciente e responsável de seu uso. Os alunos relacionaram também a utilização do celular ao avanço da tecnologia, à utilização das comunicações via satélite e como o homem contemporâneo se utiliza desse recurso para ‘sobreviver’ frente a tantas atividades que lhes são propostas”, esclarecem as educadoras.
As educadoras afirmam que o uso do celular em sala de aula trouxe uma grande motivação para os alunos e interesse sobre os conteúdos desenvolvidos. “Sinto que as aulas que são trabalhadas com as diferentes mídias enriquecem os conteúdos propostos nos guias curriculares e aproxima ainda mais o cotidiano social ao escolar, pois como o nosso aluno nasceu e tem uma vivência baseada na utilização de um amplo cenário midiático, nada mais justo que transpor esse cenário para auxiliá-lo em sua vida acadêmica”, destaca Elizena.
Talita,
Gostamos muito da máteria postada em seu blog sobre as diferentes mídias. Ela representou bem o nosso trabalho com o uso do celular.
Estamos trabalhando em outras oficinas com o uso das novas tecnologias.
Apreciamos também as outras matérias postadas no seu blog.
Abraços, Ângela e Elizena.
Olá Ângela e Elizena,
que bom que consegui expressar o trabalho de vocês neste texto. Acho importante mostrar aos educadores que é possível utilizar as tecnologias em benefício da educação. Aguardo notícias de vocês sobre as novas oficinas.
Abraços, Talita.