Para Refletir
Vamos refeltir sobre essa passagem do livro O Vendedor de Histórias, de Jostein Gaarder (Páginas 43 e 44) …Isso foi dito em 1960…
“Quando a televisão norueguesa fez a sua primeira transmissão oficial, em 1960, eu estava na casa de um vizinho e pude ouvir o discurso inaugural do primeiro-ministro. Einar Gerhardsen disse que era compreensível que muitas pessoas temessem que a televisão se transformasse em uma intromissão perturbadora na vida infantil e familiar. Estavam preocupadas, disse ele, com a possibilidade de a televisão afetar negativamente os deveres de casa das crianças e suas atividades ao ar livre. ‘O desenvolvimento da televisão provavelmente será similar ao do rádio’, declarou o primeiro-ministro. ‘Quando uma coisa é nova, é natural que as pessoas queiram desfrutá-la ao máximo`. Mas Einar Gerhardsen achava que isso acabaria se corrigindo. Pouco a pouco, aprenderiamos a ser seletivos. ‘ Precisamos aperfeiçoar nossa capacidade de selecionar coisas que tenham um valor especial’, disse ele, ‘precisamos aprender a desligar os programas que não nos interessam. Somente assim a televisão se tornará realmente útil e agradável’. Gerhardsen esperava que a televisão se tornasse mais uma ferramenta para o ensino e a educação em geral, e um canal a mais para disseminar o conhecimento. Ele esperava que a televisão fosse a chave para novos valores do coração e da mente, e enfatizou que deveria haver controles estritos de qualidade da programação para crianças e jovens. Einar Gerhardsen era um otimista inveterado. Também era um bom homem, que afortunadamente não viveu o suficiente para ver quanto a televisão degenerava. Se Einar fosse vivo, poderia saltar de canal em canal pela rica flora de telenovelas e documentários indiscretos nessa multidão de canais existentes. Teria testemunhado como as empresas televisivas competem apaixonadamente por qualidade, especialmente no que diz respeito aos programas assistidos por crianças e jovens. Teria visto quanto nos tornamos espertos em selecionar só aquilo que tem um valor especial.”