Opinião] O jovem também está dentro da mídia
Por Talita Moretto
No final do ano passado, a Fundação Telefônica lançou a campanha “É da nossa conta! Trabalho Infantil e Adolescente”. Para mobilizar o maior número de pessoas possível, foi publicada uma série de reportagens a respeito do tema, além disso, o público foi convidado a colaborar utilizando a expressão #semtrabifantil nas redes sociais. Esta estratégia foi escolhida porque ao usar uma hashtag (#) em frente de uma palavra postada no Twitter, por várias vezes, a mesma fica no Trending Topics – lista, em tempo real, das frases mais publicadas no Twitter pelo mundo todo -, ou seja, ganha destaque e mais visibilidade dentro do emaranhado de informações que se encontram na Web.
Uma das formas de trabalho infantil abordada pela campanha foi o artístico (link para o texto: http://jmnews.com.br/noticias/vamos%20ler/21,32338,12,04,trabalho-infantil-artistico-deve-ser-regulamentado-e-fiscalizado.shtml), de crianças que trabalham em propagandas, telenovelas, programas de auditório, entre outros. Estamos falando de uma relação direta entre a criança e os meios de comunicação, estimulada e apoiada pelos pais que, muitas vezes, estão interessados apenas no que a tela os apresenta: a imagem glamorosa do filho.
A relação saudável entre mídia e educação, no patamar em que possam dialogar, deve seguir o respeito e os bons costumes, aqueles ensinados pelos nossos avós e pais. Quando falamos em Educar para a Mídia e com a Mídia (expressão comum na área da educação), é como se uma entrasse “na casa” da outra, mas pedindo licença.
Não é errado uma criança, um adolescente ou um jovem escolher uma carreira nos meios de comunicação de massa, o que se defende é que haja sempre uma orientação sobre todos os cantos em que as ações midiáticas estão presentes no nosso cotidiano e como desvendá-las. Somente um bom relacionamento entre as duas partes garantirá que os limites não sejam extrapolados.
Cabe à educação (pais, professores, escola e todos que passam ensinamentos) conhecer, se informar, passar a informação, guiar para um bom convívio dentro dos meios de comunicação, e cabe à mídia refletir: como estamos retratando esses jovens para a sociedade? Se a maneira não for a adequada, não conseguiremos alcançá-los para mostrar que o acesso à informação, independente por qual mídia aconteça, é a maior aliada para que o trabalho infantil, por exemplo, seja conhecido e combatido.
A campanha foi interessante porque usou justamente ferramentas midiáticas para discutir como o jovem aparece na mídia. E a ação foi tão efetiva que o tema continua sendo pautado nas discussões acerca da sociedade. É momento de se perguntar: se não tivéssemos uma televisão ou a Internet, conseguiríamos ser mobilizados por uma ação que acontece muito longe de nós, até mesmo em outros países?
O assunto é o foco da rede Promenino (www.promenino.org.br), uma iniciativa da Fundação Telefônica|Vivo que busca contribuir para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes e combater a exploração do trabalho infantil. A partir das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs), a rede procura disseminar conteúdos e informações, conectar pessoas e promover a mobilização da sociedade em prol da causa. E consegue. Afinal, muitos de nós estamos cientes de que educar para a mídia é munir os jovens de meios que possibilitem o acesso à mídia, sem exploração de sua imagem, sem inversão de papéis, sem transposição de fases; é permitir que a mídia “entre” na nossa casa, mas pela porta da frente, sem máscaras.
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Artigo publicado no Portal NET Educação, no dia 18 de abril de 2013.
E no Portal da Adital Jovem, no dia 20 de abril de 2013.