Opinião] Avaliando na era digital
Em 2013, fui convidada a contribuir com um artigo para a publicação “A Escola Entre Mídias: Experiências e Conquistas”, da Coleção MultiRio na Escola (Rio de Janeiro). Eu escrevi sobre a formação de jovens leitores e protagonistas para a vida e sobre avaliação na era digital. A publicação completa pode ser baixada aqui. O meu artigo (está na página 104) segue abaixo.
AVALIANDO NA ERA DIGITAL
por Talita Moretto
Quando as novas tecnologias da informação e da comunicação começaram a invadir os espaços sociais, educadores não perceberam, de imediato, que essa “invasão” também iria atingir os espaços educativos, principalmente os formais. Demorou-se para aceitar que as tecnologias iriam influenciar o processo ensino-aprendizagem e pouco se fez para acompanhar os passos que adentraram tão rapidamente os corredores escolares.
De repente, professores entraram em suas salas de aula e encontraram outros alunos; espectadores desconhecidos, com uma demanda diferente do que de costume. Estes jovens aprendizes passaram a ter voz e colocarem-se como protagonistas do seu aprender.
Junto com esse perfil midiático, reconhecemos uma juventude mais informada e atuante nos espaços de convívio, porém, a leitura – como aquisição de conhecimento – que fazem, não está mais atrelada apenas aos livros didáticos ou textos indicados pelos seus mestres. Os jovens que se formaram com o caminhar das tecnologias na sociedade, hoje buscam, sozinhos, o que ler. Eles conhecem a literatura, a história ou a geografia, em textos de circulação social, que podem estar em jornais impressos, na internet, em outdoors, em podcast, em imagens e diálogos pulverizados na sociedade.
É compreensível o receio de educadores que temem por seus alunos não terem mais curiosidade pelos clássicos da literatura, porém, eles têm sim, só estão precisando de caminhos conectados ao seu imediatismo para chegar até essas obras. Os estudantes ainda precisam, e querem aprender com seus professores, apenas pedem (algumas vezes sem voz aparente) para serem reconhecidos no seu potencial de busca autônoma, fora dos muros escolares.
A Educopédia possui duas ferramentas capazes de estimular a leitura literária no ambiente virtual: “Asas de Papel” e “Grandes Obras”. Através de aulas digitais, as duas ferramentas propõem uma leitura diferente daquela escolarizada e formatada, colocando o leitor no centro da fantasia, permitindo-lhe a descoberta da (re)construção de significados. É uma perspectiva mais estimulante, evitando uma abordagem excessivamente didática como a que acontece em sala de aula. Elas possibilitam transformar o ato de ler em uma ação de cocriação com o livro, com os autores e com outros leitores.
Quando todos os tipos de informação é entregue aos alunos, de qualquer idade, aproximando o ensino escolar com a conduta social, formamos jovens protagonistas de suas vidas, eles reconhecem-se como membros de uma sociedade até então considerada de adultos, de pessoas mais velhas e detentoras das decisões. Problemas sociais devem ser debatidos com os estudantes, pois eles participam disso tanto quanto seus pais e avós.
Entretanto, levar as aulas para o ambiente virtual exige uma mudança de postura e preparo do profissional de ensino, porque isso irá refletir na avaliação do conhecimento.
Na era digital não se pode esperar que o aluno entregue um trabalho, o qual ele realizou sozinho, nas mãos de um professor que vai “corrigir” e atribuir uma nota sem um feedback. O cidadão midiático quer respostas e o direito de contestá-las, colocando o seu ponto de vista diante daquilo que aprendeu.
Não se deve avaliar se ele “decorou” o conteúdo, mas o que produziu em cima do que absorveu das aulas. Utilizar um blog, por exemplo, para medir esses resultados é uma boa estratégia. Ao compartilhar seu conhecimento com mais pessoas (colegas) além do professor, o jovem vai perceber a responsabilidade diante do conteúdo que está transmitindo.
Este tipo de avaliação, a da observação humilde do professor que não precisa corrigir, mas mediar a discussão entre os alunos, vai ajudar a turma a desenvolver a atitude de ouvir, de aprender com o próximo. Todos irão perceber, através dos próprios comentários para o se trabalho, que o conhecimento que ele tanto deseja externar pode ser enriquecido se ele ouvir o conhecimento que o professor tem a passar e que os colegas têm para contribuir.
Experimentar recursos tecnológicos, aproximar-se das mídias, não significa abandonar “antigas receitas” para se ensinar. O que se espera é que professores consigam dialogar com essas inovações e trazê-las para as suas aulas no momento oportuno, visando ao enriquecimento do processo ensino-aprendizagem.
A realidade é que nem um profissional da educação não pode mais fugir dessa realidade da era digital, das tecnologias na escola, o que precisa é o professor está antenado e se conectar com o sistema multimidias.
Olá Felix,
obrigada por sua observação.
Abraços,
Talita.