O que é Educar para a Paz?
Compartilho com vocês o texto do professor Nei Alberto Salles Filho. O educador atua na formação de professores em processos de Educação para a Paz/Pedagogia da Convivência, no Núcleo de Educação para a Paz/Universidade Estadual de Ponta Grossa (NEP/UEPG).
O que É e o que NÃO é educar para a paz
Quem pode ser contra a Paz? Provavelmente, se perguntarmos a um traficante ele diria: “Eu gostaria de ter Paz para fazer meu trabalho, mas os policiais insistem em tirar minha paz”. Ao perguntar aos corruptos de toda ordem, diriam: “Estava tão bom assim, porque a imprensa precisa investigar, o que ganham tirando minha paz”. E os países em guerra? Hitler (entre tantos) acreditava que matando os outros o mundo seria melhor, quem sabe com mais Paz. E você? O que tira a sua Paz?
Neste sentido, vemos que a PAZ não é uma ideia necessariamente positiva. A Paz não é o tal mundo cor-de-rosa com bolinhas azuis, nem engaiolar pombinhas brancas para depois ser ‘bonzinho’ e soltá-las. Muito menos ainda é usar branco em uma noite no ano, pedir Paz para o mundo e esquecer que começa com nossas atitudes. É claro que cada um e todos torcem pela Paz, com seus símbolos, com suas boas e bonitas intenções e, especialmente, no fortalecimento de nossa espiritualidade. Mas, em 2010, 2011, 2012… ainda precisamos olhar um pouco além.
A ideia de ‘Educar para a Paz’, com sua noção importante de que ‘Paz é a resolução não violenta dos conflitos’, é basicamente entender que os conflitos são traços definidores das relações humanas, que conflitos não são brigas (como tratamos inadequadamente), são pontos de partida e percepções diferentes; são apenas a diferença em si das pessoas nessa vida. Conflitos são inerentes aos seres humanos, gostemos disso ou não. Educar para a Paz é supor uma pedagogia da mediação dos conflitos, repensar, redimensionar e reconstruir valores humanos entre várias coisas. Educar para a Paz não é tentar empurrar práticas ‘bonitas’, impor ‘valores considerados certos’ e muito menos achar que existe um único tipo de Paz.
Educar para a Paz é educar no diálogo criativo, crítico, protagonista, mas que sempre traz junto uma ideia da necessidade concreta de melhora da vida de muitos. Educar para a Paz é pensar e saber sobre as violências, na nossa própria vida inclusive. Pensar nas situações de conflito mal revolvidas, supondo algumas formas de fazer diferente nas relações que estabelecemos; pensar muito sobre as desigualdades e injustiças sociais, valores e ‘anti-valores’. Sobretudo, Educar para a Paz é encontrar a justa medida entre objetividades e subjetividades, entre o sentir e o pensar, entre os dados mais adequados que buscamos e ao mesmo tempo na sensibilidade mais humanizadora que cultivamos. Então, quando falarmos de Educação para a Paz, estamos falando de uma coisa séria. Sejamos bons sim! Pensemos em coisas bonitas também! Mas fundamentalmente, sejamos incansáveis com todas as coisas que geram essa cultura de violência no que pensamos, fazemos, dizemos.
SAIBA MAIS: O Núcleo de Estudos e Formação de Professores em Educação para a Paz e Convivência (NEP/UEPG) é um projeto que objetiva ampliar a informação e discussão da Educação para a Paz como dimensão pedagógica da Cultura de Paz, a ser pensada, planejada e discutida na educação formal e não-formal. Pensar a Educação para a Paz como possibilidade transversal ou incorporada à pedagogia de projetos que permite o trabalho organizado com: valores humanos, direitos humanos, prevenção das violências e mediação de conflitos na escola. Conheça mais o trabalho do grupo. Acesse o site: www.uepg.br/nep. Siga no Twitter: @pedagogiadapaz. Acompanhe no Facebook: Educação para a Paz.
No dia 24 de agosto participarei do encontro do NEP na mesa-redonda ‘Mídia, violências e educação para a Paz’. O obketivo é discutir como os meios de comunicação pautam a Paz, e porque há um grande número de notícias sobre tragédias, em detrimento de fatos bons. Como tornar-se um leitor crítico com a mídia? Vai ser uma discussão muito rica, e poderei abordar também a influência das tecnologias na ‘pedagogia da paz’.
Muito bom e esclarecedor o texto. Essa ideia de paz como passividade precisa ser desmistificada. Depois conta como foi o encontro. Abraço!
Oi Marli,
prazer em vê-la novamente aqui. Pode deixar que conto tudo depois. Com certeza vai ser uma discussão bem interessante.
Abraços.
Talita Moretto