Dos cinemas de última geração às salas de aula
Marcella Petrere | Portal Instituto Claro
Popularizada por recentes produções cinematográficas, a tecnologia tridimensional vem ganhando espaço em nosso cotidiano. Salas de projeção modernas, televisores 3D, conteúdos no Youtube, videogames e até em celulares. Por que não utilizar essas novidades em prol da educação? Além de prender a atenção dos alunos, a terceira dimensão pode proporcionar ou facilitar o aprendizado de conteúdos diversos. Uma iniciativa pioneira acontece no Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (Consa), em São Paulo, que é a única instituição de educação básica do país com um curso de produção 3D em sua grade. Alunos do 9º ano do ensino fundamental ao terceiro colegial podem optar pela matéria, que tem duração de dois anos. “Estou sempre pesquisando novas maneiras de fazer uso da tecnologia no colégio. A ideia é que a ferramenta não seja um fim, mas sim um meio, contextualizada no aprendizado. O foco do curso é o entretenimento, mas as habilidades aprendidas aqui podem ser usadas em projetos de áreas variadas, como engenharia, arquitetura e física. É uma profissão de futuro”, diz Fabiano Gonçalves, responsável pela área de Tecnologia Educacional do Consa.
O diferencial das aulas é oferecer uma situação-problema para que os estudantes resolvam, e não uma explicação teórica comum. A escola estimula a aplicação do conteúdo na própria aula. “O professor é um mediador, que explica os recursos técnicos que o aluno ainda não sabe sozinho. Mas ele não dá a receita pronta. São os jovens que constroem o desafio, interagindo com os colegas”, afirma.
O Fantástico Mundo 3D
Outro bom exemplo de projeto é o ‘Fantástico Mundo 3D’, desenvolvido pelo professor Guilherme Hartung, do C.E. Embaixador José Bonifácio (Rio de Janeiro). O trabalho surgiu a partir de uma conversa entre o professor e alguns alunos, no intervalo das aulas. “Eles me questionaram sobre o recente sucesso de filmes em terceira dimensão, mostrando uma típica confusão entre vídeos com inserção de personagens criados em softwares de modelagem tridimensional, como Transformers, e aqueles que usam tecnologias de visualização 3D”, lembra Guilherme. Alice, Avatar e Toy Story, por exemplo, ganharam versões específicas para salas de cinema diferenciadas, que contam com sistema de projeção 3D. O espectador consegue visualizar o efeito apenas se utilizar óculos com lentes especiais. Ele explica que “a produção tem o objetivo de ‘enganar’ o cérebro, para fazê-lo acreditar que as imagens são realmente tridimensionais. Para isso, deve-se usar um óculos polarizado ou anáglifo [aquele com lentes vermelha e azul]”.
A explicação não foi suficiente, já que na cidade onde moram não não há um cinema 3D. Diante do assunto, o professor enxergou uma possibilidade educativa. “Me dei conta da quantidade incrível de conteúdos de geometria, física e biologia que estavam envolvidos no tema. Ângulo de sobreposição dos olhos, polarização da luz, visão binocular, componentes, reflexão e refração da luz são só alguns dos conteúdos abordados. Foi então que percebi o gigantesco potencial pedagógico do tema, como uma tecnologia multidisciplinar, interdisciplinar e de grande atração para os jovens”, diz Guilherme. Para incrementar suas aulas, ele usou um sistema de exibição de baixo custo. Os filtros polarizadores, óculos polarizados e uma tela adaptada custaram menos de 200 reais. Somados aos dois projetores da escola, o resultado foi um verdadeiro auditório 3D.
Publicado dia 10 de agosto de 2010 no site www.institutoclaro.org.br