Como inserir a tecnologia na educação
Continuando a discussão de ontem, sobre a tecnologia na educação, ouvi alguns professores para entender como eles, que estão em sala de aula, veem esses avanços tecnológicos na prática pedagógica. Este texto foi publicado hoje na página ‘JM nas escolas’ (Jornal da Manhã).
Com a internet e celulares se popularizando entre os jovens, os professores precisam lidar com esses recursos tecnológicos sem dispersar os educandos
A discussão sobre usar ou não usar tecnologias na prática pedagógica, permitir ou não permitir o celular na sala de aula, acessar ou não redes sociais, é longa, e não se esgotará em poucas linhas e algumas páginas de jornal, mas procuramos educadores para saber quais rumos esses avanços estão tomando, e entender porque a tecnologia é muito bem aceita por um lado, mas ainda causa divergências de outro.
O pedagogo Ivanilson Costa, de Santa Cruz/RN, decidiu por seguir esse novo rumo e especializar-se em Psicopedagogia e Tecnologias na Educação a Distância. Ele acredita que muito ainda vai mudar com relação às novas tecnologias na educação, mas que apesar de alguns avanços o professor ainda não consegue acompanhar as mudanças de paradigmas. “Acredito que muitos professores sentem medo do novo”, declara Ivanilson.
Na outra ponta, existem educadores que já estão conseguindo acompanhar esses avanços e utilizar os novos recursos em suas aulas. Como é o caso da professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen (Ponta Grossa), Patrícia Kloster. Ela afirma ser a favor do uso das tecnologias em sala de aula para complementar e enriquecer o trabalho do educador. “Utilizo bastante vídeos que consigo baixar da internet, muitos deles disponibilizados no Portal Dia-a-Dia Educação [da Secretaria do Estado de Educação], principalmente nas aulas de Literatura com as turmas de Ensino Médio. Assim eu posso ilustrar minhas aulas e torná-las mais atrativas com trechos de filmes, músicas e documentários”, compartilha.
Embora adepta da tecnologia, o celular como recurso pedagógico ainda não convence Patrícia, que está na profissão há 12 anos. “O celular é uma das minhas ressalvas. Os alunos ainda não têm maturidade suficiente para utilizar adequadamente, e não só eles, muitos adultos também utilizam em situações que não são permitidas. Os jovens usam o celular em sala de aula para tirar fotos da matéria do caderno para utilizar nas avaliações, registram brigas e confusões para compartilhar depois com os colegas, deixam o aparelho ligado durante as aulas causando interrupções desnecessárias”, relata a educadora. De qualquer forma, Patrícia vê a possibilidade de produzir curtas-metragens utilizando o dispositivo móvel, e envolver os alunos em um concurso. Essa prática é muito incentivada pelo Instituto Claro, através do projeto Claro Curtas (www.institutoclaro.org.br).
E quando o assunto é dispersão, a educadora percebe que as distrações em sala de aula são diferentes de acordo com a modalidade de ensino, e que não estão relacionadas com a tecnologia. “No Ensino Fundamental, por exemplo, existem as brincadeiras ‘bobas’, como bullying, que muitas vezes não têm caráter intencional; no Ensino Médio é a fase dos namoros, preocupação com a aparência, rebeldia própria da adolescência. Isso é distração. Acredito que não mudou muita coisa neste tempo em que eu leciono”, fala Patrícia.
Continuaremos ouvindo educadores e demais profissionais da área educacional para compreender de que forma a tecnologia está sendo recebida pela educação.