Games na educação] Jovens estudam escravidão jogando RPG

O professor de Sociologia e História, Marcelo Kloster,  trabalhou o conteúdo curricular sobre a ‘Escravidão no Brasil Colonial’ através dos “games”. O recurso foi utilizado nas aulas  em suas aulas do 2º Ano/Ensino Médio, no Colégio Estadual Linda Salamuni Bacila (Ponta Grossa).

O jogo escolhido pelo professor foi o RPG (Role Player Game, na sigla em Inglês).  “Nesses Jogos de Interpretação os participantes são levados, através da imaginação, a viver situações-problemas e a buscar soluções, fazer escolhas e tomar atitudes para poder seguir em frente no jogo”, explica Kloster. A aluna Jennifer Martins gostou da prática. “Esse jogo é uma ótima maneira de estudar história porque a gente consegue aprender jogando, se divertindo”, coloca.

Como fechamento, os alunos produziram textos narrativos em primeira pessoa onde precisavam se imaginar na condição de um escravo recém chegado a um engenho de açúcar. “Com base nessas redações verifiquei que todos entenderam bem o contexto histórico e se apropriaram do conteúdo. E, de acordo com a opinião deles, o recurso [game] foi aprovado”, afirma Kloster.

CLASSIFICADOS SOCIOLÓGICOS

 

Recentemente, o jornalista e educador, Alexandre Sayad, publicou um artigo no site do Estadão falando justamente sobre o uso de games na educação. Confira:

GAMES QUEREM RECONHECIMENTO DA ESCOLA

Fonte da imagem: http://nteitaperuna.blogspot.com.br

Por Alexandre Sayad*

Nos anos 80, a educação formal fechou a porta violentamente “na cara” da televisão. Essa se tornou por muito tempo a inimiga pública do aprendizado. A cena foi se flexibilizando aos poucos, primeiro para os programas explicitamente educativos, como o Vila Sésamo. Posteriormente, num movimento recente e ainda em maturação, a educação percebeu que pode se apropriar da mídia, conseguir bradar um “hino de independência” e utilizá-la como aliada – o que tem sido chamado de educomunicação pela academia.

O relatório recente “Horizon Report on Education”, feito por um consórcio de empresas, mapeou como o universo dos games vem se relacionando com a educação formal nos Estados Unidos. Pelas conclusões obtidas, o game é a nova “televisão”, que busca espaço dentro da escola.

O investimento em produção de jogos por lá ultrapassou há alguns anos o orçamento do cinema – para se ter noção do tamanho do mercado. O relatório apontou um aumento do uso de games no ensino superior, além do médio. Como na programação televisiva, games tido como educativos, criados por organizações não-governamentais e institutos, têm passe livre nas escolas. Jogos do tipo “simuladores”, por exemplo, são usados por 52% dos alunos de universidades americanas.

O que surpreende é que o uso de games nem tão educativos assim, como o popular Angry Birds, têm sido freqüente. Diversas escolas adotaram os pássaros irritados para o ensino da física. Por conta disso, a NASA se aproximou do desenvolvedor para criar novas versões que explorem outras teorias e que deixem as aves mais amenas (com o selo “educativo”) – “Angry Birds Space: The Red Planet” está pronto para ser lançado, com o tema do planeta Marte e suas peculiaridades.

A rede Games for Change, o maior grupo internacional que estimula interação entre disciplina escolar e games de temática social, chegou ao Brasil com selo da USP e coordenação do Prof. Dr. Gilson Schwartz . Há pilotos em diversos colégios paulistanos que colocam os estudantes no lugar de repórteres em áreas de conflito, por exemplo, e estimulam a pesquisa, entrevista e compreensão do contexto histórico.

A última fronteira no território dos games no Brasil diz respeito justamente à apropriação de sua criação pelo alunos. Uma educação não repetidora, que estimula a criatividade, tem no desenvolvimento de jogos (hoje algo simples, mas que requer lógica e raciocínio) um terreno extremamente fértil que pode aproximar a escola da atmosfera das startups.

Aprender nem sempre é algo prazeroso ou divertido, é bom dizer. Mas a aproximação da escola da cultura do jovem, como no caso dos games, vem se mostrando um excelente antídoto contra a evasão – o mal que assombra a educação pública brasileira.

*Alexandre Sayad é jornalista e educador. Desenvolve projetos interdisciplinares com foco na educação para escolas, governos e empresas. É autor do livro “Idade Mídia: A comunicação reinventada na escola”, publicado pela editora Aleph.

Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *