August Comte, Émile Durkheim e Norbert Elias: Alunos debatem teorias sociais a partir de notícias diárias e atuais
Professor de Sociologia utiliza textos jornalísticos para revelar a formação e a transformação da cultura entre os cidadãos e, desta forma, explicar a teoria de Norbert Elias
Por Talita Moretto
As aulas de Sociologia das turmas do 2º ano / Ensino Médio do Colégio Estadual Linda Salamuni Bacila, em Ponta Grossa, ficaram mais interessantes quando o professor Marcelo Kloster passou a utilizar textos atuais para abordar os teóricos e suas ideias. August Comte e Émile Durkheim já foram foco de discussão, agora a teoria do processo civilizador de Norbert Elias é que invadiu as aulas. “Utilizei os textos jornalísticos para que eles pudessem compreender a formação e a transformação da cultura nas sociedades através dos tempos, desenvolvendo assim o espírito crítico e autônomo com relação a todas as culturas existentes”, explica Kloster.
O processo civilizatório de Norbert Elias consiste na transmissão da cultura de uma sociedade ao longo da vida, onde um indivíduo se identifica com os demais dando a ideia de uma coletividade cultural. Sabendo disso, os estudantes buscaram no Jornal da Manhã informações que refletissem uma norma, regra ou lei com o objetivo de modificar ou manter uma característica cultural.
Na edição do dia 03 de maio o Editorial: O cidadão é o principal fiscalizador das leis, o depoimento ‘Liberdade’ na coluna Leitor JM – indignação de um cidadão por um suspeito de assassinato estar solto – e a notícia ‘Câmara promove audiência hoje’ – para tratar de projetos e questões ligadas à segurança pública, serviram de pauta para o debate. Na semana seguinte, a matéria ‘PG acumula 52 leis descumpridas’, publicada no dia 10 do mesmo mês, complementou a discussão. “Os alunos concluíram que algumas leis, por exemplo a colocação de lixeiras nos ônibus e em vias de grande movimento de pedestres, não resolvem o problema. É necessário antes educar a população para que tenha atitudes conscientes”, explica o professor.
Para finalizar o debate, os alunos inventaram leis para situações cotidianas e sanções imaginárias para o descumprimento destas. Confira algumas das sugestões:
O trabalho culminou na criação de uma campanha que convencesse as pessoas de que existem ações que não precisam ser transformadas em leis para serem cumpridas, mas devem fazer parte do processo civilizatório e serem respeitadas por aqueles que zelam pela boa convivência em sociedade. Cartazes foram colados em diversos pontos da escola para atingir toda a comunidade.
[slideshow]
__________________
Texto originalmente publicado na página JM na Educação, no Jornal da Manhã, em 28 de junho de 2012.