Aluno precisa de desafios constantes

Folha de S. Paulo (29 de outubro)
O diretor de tecnologia do colégio Bandeirantes, Sérgio Américo Boggio, começou a notar no fim dos anos 90 uma mudança no perfil dos novos alunos. De acordo com ele, esse novo estudante é “multitarefa” e pouco tolerante a frustrações. Para reter sua atenção, Boggio diz acreditar que é preciso desafiar constantemente seu senso comum com exemplos do dia a dia. “Eles ficam invocados e prestam mais atenção.”
Folha – Por que o aluno lida mal com frustrações?
Sérgio Américo Boggio – Porque foi pouco exposto a elas na primeira infância. Os brinquedos do passado, como o pião, eram simples. Se viessem com defeito, a criança normalmente tentava consertá-lo. Hoje, os brinquedos são mais complexos; o pião vem com lançador. Se não funcionar, os pais o trocam. Não há frustração. Hoje, aquilo que desobedece a criança a cansa rapidamente. Mas saber lidar com frustrações é essencial para a vida.
Como é possível exercitar essa habilidade na escola?
Uma possibilidade é o uso de oficinas. Criei uma oficina em que o aluno trabalha com objetos do mundo real (madeira, cola) e virtual (software, internet). Estimulo a transição entre esses dois mundos. No processo, sempre surgem imprevistos. Uso a oportunidade para estimulá-los a não desistir, a superar os obstáculos.
O contato com as novas tecnologias deve acontecer na idade correta
10-12 anos: Os pré-adolescentes ainda precisam de orientação dos pais para o uso de computador, internet e TV. Conteúdo e tempo de exposição devem ser controlados. Jogos de estratégia e interativos são os mais recomendados, pois desenvolvem o raciocínio lógico e abstrato. Dica: É possível consultar na internet que jogos e filmes são inadequados para cada idade. Para conferir classificação indicativa, basta entrar no site do Ministério da Justiça (http://portal.mj.gov.br/classificacao)
12-15 anos: É nessa faixa etária que o uso do celular é mais aceito entre especialistas. Há mais consciência dos riscos, como contato com estranhos e gastos excessivos. O celular pode servir como ferramenta educativa, porém, ainda é visto com ressalvas por muitas escolas, que proíbem seu uso na aula. Dica: Por ter informações sempre à mão, no celular, o jovem pode perder a capacidade de planejamento do seu dia-a-dia. É preciso, então, que tenham orientação contínua de pais e professores para que não descuidem de suas tarefas e mantenham a organização.
15 em diante: Amadurecimento do conceito de vida em sociedade. Aptos a usar redes sociais como um instrumento de aprendizado e troca de conteúdo. É necessário valorizar os encontros presenciais e ter cuidado com o conteúdo postado nas redes. Dica: Em qualquer idade, é recomendável não utilizar o computador cerca de duas horas antes de dormir. O uso do equipamento prejudica o sono e, consequentemente, a capacidade de aprender. Dormir bem é importante para a consolidação de memórias e a organização cerebral.
Fonte: O Educacionista (http://migre.me/200e5)

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