Opinião] A Paz e a Mídia
Por Talita Moretto
Na semana passada (24/08), participei de uma mesa-redonda com o título: “Educação para a Paz e a Mídia: aproximando relações”, a convite do professor Nei Alberto Salles Filho, responsável pelo curso de Educação para Paz, do Núcleo de Educação para Paz (NEP/UEPG). Uma pessoa admirável pelo seu trabalho e muito envolvida nas mídias sociais, onde procura usá-las [e o faz muito bem] para promover a Paz na Educação. Já publiquei artigo dele aqui neste blog: O que é educar para a Paz?. Estiveram na mesa comigo Edinei Correia (Rádio Santana) e Jair Marques (RPC), que falou sobre a proposta da campanha “Paz sem Voz, é Medo”, que está sendo realizada pela RPC e Gazeta do Povo.
Digo, de imediato, que a discussão foi rica e pertinente, e não pode se resumir a esse único encontro. Falo isso por trabalhar diretamente com a mídia de um lado, e a educação de outro, procurando caminhos sólidos para que elas se cruzem e possam uma, contribuir na construção da outra.
Quando falamos em articular a leitura de material informativo em sala de aula, carregamos uma grande responsabilidade nas mãos. Primeiro: mostrar aos educadores que é possível. Segundo: mostrar aos educadores que isso trará benefícios e ajudará em suas aulas. Terceiro:mostrar a educadores que mesmo com uma bagagem gigante de informações ruins, a mídia pode educar para o bem. Eu sou jornalista por graduação, especialista em tecnologias na aprendizagem por pós-graduação [e afeição], e educomunicadora na prática mesmo. Sou eu que preciso provar o tempo todo que isso é bom. E diante de todas essas provações, preciso falar a “verdade”, e passar página por página [no caso de jornal impresso] contando como ela foi construída. Ou seja, nós, coordenadores de Programa Jornal e Educação, ou qualquer outro cargo que esteja relacionado com uso de mídia em sala de aula, temos que contar a verdade nua e crua. Toda ela! Só assim conseguiremos mostrar os três benefícios citados acima.
Educar para a Paz utilizando os meios de comunicação… parece besteira, parece irreal, afinal tragédia é o que está mais presente nos meios de comunicação. Mas acredito que é possível sim educar para Paz utilizando os meios de comunicação, e usando as tragédias. Mostrar aos jovens o que é noticiado, e que aquilo está ali, ao lado dele, mas que ele pode mudar, o que julgar necessa’rio, nessa realidade {e sim, ele pode]. Esse é o foco, a meta, a missão, o objetivo, como queira chamar, do trabalho com a mídia na educação.
Porém, para isso acontecer, é necessário, ou melhor, deveria ser exigência para todos os educadores que aceitam a mídia em sua prática de ensino, é necessário “dialogar”. Não entre professores, mas entre educando e educador.
Vamos mostrar aos jovens tudo de ruim que está ao seu redor, e ouvir deles o que pensam sobre isso. Deixe-os falar, e converse com eles. Instigue a opinião, motive-os a criticar, a concordar e discordar. Mostre que você é parceiro, amigo e professor. E deixe que esse mesmo jovem ensine a você através daquilo que ele vê, ouve, ou ouviu dizer. Uma notícia trágica, aos olhos de quem lê o que outro ouviu e escreveu com o tempo que lhe foi dado, merece muitas interpretações, e nem sempre elas estão de acordo com a realidade dos fatos. Quem pode dizer o que realmente é notícia? O que é notícia para mim? O que é notícia para você?
Da mesma forma que dentro de uma redação de jornal a novidade é subjetiva, também será na escola, onde muitas subjetividades “pequeninas” estão afoitas por ver, saber, conhecer, e se expressar.
Acredito que só haverá Paz quando as pessoas, enquanto dentro de um mesmo espaço, forem percebidas ali.
Veja as fotos da mesa-redonda e saiba um pouco mais da nossa discussão no blog Mídia de Paz Paraná.